Recentemente, li o livro "Niffilins, Os Filhos de Deus" do autor joseense Wilson R., presidente da Academia Joseense de Letras e gostei muito do livro.
Como um livro de entretenimento é realmente muito bom de se ler, e não deve nada para qualquer "Best-seller" internacional, ouso dizer que seria muito fácil uma produção "Hollywoodiana" em cima da história. O autor tem muitos méritos, Wilson R. sabe escrever um bom texto, que prende o leitor, aproveita-se muito bem de um sem número de conhecimentos superficiais, em especial aqueles que uma pessoa formada na civilização ocidental possui como noções de antigas civilizações, conhecimentos bíblicos e um pouco de conhecimento científico. Aliado a isso, ele inclui algumas noções de seres e divindades menos conhecidos de várias mitologias.
Desta forma, constrói seu livro contando com muitos estereótipos para a história e para os personagens, como, por exemplo, a existência de um escolhido capaz de fazer coisas que os outros não conseguem, e o fato de que todos os envolvidos sabem que o escolhido é importante e teve sua vida orientada, acompanhada e algumas vezes manipulada pelos seres e divindades. Temos os demônios todos com o estereótipo de demônio, com chifres, unhas grandes, peludos e feios; o anjo como deve ser um anjo, alto, louro, belo, vestindo túnica azul clara; a mulher do escolhido como extremamente bela e por aí vai.
O autor soube lidar com o clássico estilo de livro de ação, a história vai tomando o rumo e se direcionando para o "grand finale" no entanto, faltou um pouco mais de acentuação do ponto alto do livro que seria a esperada guerra entre os habitantes da Terra e os Niffilins, houve este ponto, mas creio que a dificuldade de descrever tirou um pouco da emoção deste momento.
Wilson R., portanto, vem se dedicando a esta literatura do entretenimento com elementos fantásticos, a exemplo do que faz também outros autores da cidade como, por exemplo, Leandro Reis, também um excelente autor. Acredito e desejo mesmo que ele consiga muito sucesso com a sua literatura.
Este tipo de escrita funciona, para a literatura, como um filme de ação do tipo "Os Vingadores" funciona para o cinema, ou seja, a gente curte (assiste ou lê) e fica satisfeito porque aconteceu tudo do jeito que tinha de ser, os vilões são superados e vencidos apesar de todo o poder de destruir o mundo um milhão de vezes que tem, os mocinhos vencem sempre mesmo estando em tremenda desvantagem afinal têm o que precisam para vencer, e a gente tem a certeza de que o mundo continua com o mesmo dualismo, as coisas no mesmo lugar. Assim, o cérebro não precisa pensar demais para aceitar que é tudo sempre a mesma coisa, o mundo é o mesmo, os estereótipos continuam firmes e fortes.
E é isto que justamente me incomoda como leitor. São filmes e livros que não me acrescentam, não me tiram da mesmice, dão-me satisfação e prazer mas não me levam a ter uma outra atitude. Mas eu sou um leitor chato, que quer ser chacoalhado, que quer ver as minhas bases balançando, que quer ver uma escrita diferente na literatura e quer a literatura como forma de transformação do mundo e das pessoas, quer a literatura participando ativamente da construção de um mundo melhor, de mais aceitação e menos discriminação, de mais bondade e menos intolerância, de mais compreensão e menos ignorância. Tudo isso não encontrei no livro de Wilson R.
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